Somos 5 ( ou 6?)

...em pensamento, mas na realidade somos apenas...4!

Toda a vida sonhei em ter uma família numerosa!... Tinha o exemplo do meu pai, com 6 irmãos, que embora só os visse ( à maior parte, pelo menos!) uma vez por ano, não deixava de ter todos aqueles irmãos ( isto fora as minhas tias e primos, que davam para encher um salão de baile!). Sempre que, pelas férias grandes, íamos ver a minha avó paterna, dado que o filho " pródigo" lá estava, fazia-se um almoço de família...mais parecia um arraial ou festa do que uma simples reunião familiar. No meu imaginário as famílias deviam ser sempre assim...deviam apoiar-se, serem unidas. Todos pareciam querer-se muito e todas as crianças tinham sempre outras para brincar! Parecia " Uma Casa na Pradaria" ( lembram-se?!), que eu adorava ver, porque todos tinham 1 ou 2 filhos (ou mais!), se entreajudavam, e viviam felicíssimos, no meio de toda aquela simplicidade e pobreza, pareciam não precisar de mais do que aquilo que tinham!

Cresci, mentalizando-me de que teria só um filho, com muita pena minha, pois sou filha única! Sempre sonhando com a família numerosa...não tive um mas dois!

O meu relógio biológico continua a fazer um barulhinho, a tal ponto que parece, às vezes ensurdecer-me...a vida parece castigar-me porque tenho a perfeita noção de que não capacidade nenhuma para ter mais um filho...e só tenho 2...maravilhosos, com sorrisos tão enternecedores...parece incrível que um ser humano tão pequenino consigo fazer chorar um adulto que por tanto já passou...com um simples sorriso...mas do mais sincero e puro que existe!

Um dos sonhos do meu marido e meu também...era adoptar uma criança...dar-lhe tudo aquilo que nunca teve e que por vezes lhes custa a aceitar...o amor desinteressado e incondicional de alguém que sabe o que é ser amado por uma criança, sem ter que receber nada em troca senão...outro gesto de carinho! Ver nos seus olhos um olhar que tudo diz....

Sei que hei-de viver sempre com este desgosto de não poder ter mais filhos, que me íam encher o coração e a alma, até me sentir completa. Não tenho capacidade nem disponibilidade para tal. Não tenho avós com quem os deixar, que me apoiem se surgir algum imprevisto, que me permitam ter momentos só para mim, para me sentir mulher de vez em quando, para poder relaxar e assim me entregar com mais calma aos meus filhos. Só posso contar comigo, para as idas ao médico, ficar com eles em casa quando estão doentes, dar-lhes os banhos, fazer a comida, tratar das suas coisinhas, tenho que tirar um pouco do meu tempo para brincar com eles ( porque eles estão sempre primeiro...que tudo e todos!!!).

Por estas razões e porque a vida não dá a muitos aquilo que eles merecem ( e dá muito a muitos que não merecem nada, às vezes até os filhos que têm!), vou ter que ficar pelos dois, sempre sonhando com os outros.

Eu, mãe babada, que sempre tive gravidezes fantásticas e partos maravilhosos ( naturais e sem epidural!), provocando os comentários de muitos: " nasceste para ter filhos", " tienes un buen cuerpo para parir" ( este comentário premonitório foi na lua-de-mel, na paragem do comboio da estância turística, e eu, que ainda estava no 1º dia de bronzeado, vermelha que nem um tomate, sem saber qual a resposta que havia de dar, a que saíu foi :" gracias ")

Aos filhos que nunca hei-de ter: teria muito orgulho em ser vossa mãe. Hei-de vingar-me provavelmente quando...fôr avó!